quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Jim Morrison e o Simbolismo

Esse é um rascunho de algo que estou desenvolvendo e que talvez  seja a semente do meu TCC


Introdução

Os poetas-xamãs


Um poeta torna-se um sonhador através de um longo, ilimitado e sistemático desregramento de todos os sentidos. Todas as formas de amor, de sofrimento, de loucura; investiga-se a si próprio, consome dentro de si todos os venenos e preserva as suas quintessências. Um tormento indescritível, onde irá encontrar a maior fé, uma força sobre-humana, com que se torna, de entre todos os homens, o grande inválido, o grande maldito – e o Supremo Cientista! Pois alcança o desconhecido! E que interessa se for destruído no seu vôo extático por coisas inauditas e inomináveis...”.
Arthur Rimbaud (extraído de “História, Performance e Poesia: Jim Morrison, o xamã da década de 1960.”. de Rosângela Patriota.).

Xamã é o sacerdote ou sacerdotisa do xamanismo que entra em transe durante rituais xamânicos, manifestando poderes sobrenaturais e invocando espíritos da natureza, chamando-os a si e incorporando-os em si. Este contato em êxtase permite a recepção de orientações e ajudas dos espíritos para resolver ou superar situações que desafiem as pessoas e seus grupos sociais.”.
(extraído de Wikipédia)


Na França do final do século XIX nasceu uma geração artística que, indo na contramão da modernidade de seu tempo, buscava o infinito e o abstrato através de artifícios como o apelo aos sentidos, a musicalidade de uma rima exótica e trabalhada e ainda palavras que abandonavam o mero status de signo para adquirirem a condição de símbolo.

Didaticamente essa expressão da Arte ficou conhecida como Simbolismo, vertente literariamente nascida na França e encontrando sua semente em Charles Baudelaire com a polêmica obra “As flores do mal.”. Com uma poética marcante e de uma maestria pouco vista até então na Arte mundial, os representantes do Simbolismo propuseram-se a abrir ao público as “portas da percepção” com sua expressão onírica tão incomum para uma época seca, absolutamente fascinada com a tecnologia crescente.
Foram imortalizados para o bastião da história humana nomes desse movimento como Arthur Rimbaud, Paul Verlaine e Stéphane Mallarmé.
Em um cenário não menos caótico e divergente um século depois nasce o vocalista da banda The Doors, James Douglas Morrison, no dia 08 de dezembro de 1943 em Melbourne, Flórida. Filho de pais conservadores teve sua juventude marcada pela leitura de grandes pensadores e artistas, o que avultou-lhe desde cedo uma inspiração atípica para a maioria dos jovens de sua idade. Dentre essas inspirações estão os próprios simbolistas.
 
Jim Morrison lia, principalmente, Rimbaud e a evidência da influência dele refletiu na produção musical e literária do vocalista do Doors. Até nos palcos isso é perceptível, num momento onde a convenção da apresentação pregava que os cantores, fossem integrantes de bandas ou de carreira solo, seguissem a etiqueta do showman, Jim alterou – como os simbolistas haviam feito séculos antes ao inovar desafiando as convenções poéticas – o quadro trazendo um comportamento desregrado e imprevisível para os espetáculos dos Doors. Ele não agia só como o integrante de uma banda, ele propunha-se a desempenhar o sacerdote nas libações a Dionísio ou então tentava representar o grande mágico das tribos primitivas, o xamã.

O mesmo xamã que enfrentava o “longo, ilimitado e sistemático desregramento de todos os sentidos” que Rimbaud pensou, um feiticeiro cujo delirante êxtase é tão poético quanto os infinitos sonhados nas pinturas de William Blake e de uma loucura tão possessa quanto a de Jim. Assim convergindo do misticismo antigo, passando pela poesia do século XIX e acabando no rock and roll dos anos 60, a natureza da experiência transcendental que o xamã encarnava pela tribo é similar a produção poética dotada de impossível sinestesia do Simbolismo e ao psicodélico trabalho artístico dos Doors e de Jim Morrison, e no trabalho que aqui segue a proposta é explorar essa temática. 

2 comentários:

  1. achei muito perspicaz sua observação entre o Jim e o simbolismo.Você adoto mesmo esse tema na sua monografia? Se sim gostaria muito de ler ela !

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  2. Leia o livro de Wallace Fowlie, muito bom!
    FAz uma relação interessante entre Morrison e Rimbaud

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